" Mergulhei naqueles olhos, naquele par de olhos azuis
Que tenho medo de não mais ver.
Só sei que todo esforço que faço para lembrar,
É a vontade que tenho de esquecer.
Esse teu olhar é um ponto sem fim
Algo que eu jamais ousarei ao menos tentar explicar
As sensações que causam em mim. "
Ágatha Duarte
O trem
Corre, minha gente,
que o trem já vai passar!
Passa rápido, passa ligeiro,
passa para todas as dores levar.
Peguem suas tristezas,
peguem suas mágoas,
peguem seus pesares
e ardores.
Só não peguem os amores (amor é coisa séria)
Corre, minha gente,
que o trem já vai passar!
Joguem todos os tormentos dentro
Lá pra longe ele há de levar
Cá estou a rir do desespero humano
para ser feliz.
As pessoas quando se desgarram
dos sentimentos
fazem muito barulho.
Tanto que nem ouvem minhas gargalhadas.
Corre não, minha gente,
que esse trem nunca vai passar!
Como é bom enganar
povo ingênuo e tolo!
Eu ainda um dia desse pecado morro.
Veneza Bello
Serei livre.
Que felicidade!
Já sinto minha alma desgrudar dos ossos e da carne
Delicadamente se liberta da caixa de dores.
Nunca mais sentirei o peito apertado
Pela falta do amado
que por mim nunca chorou.
Admiro meu cárcere:
pobre moça com sangue no peito.
Ali habitei por longos dissabores.
Olho com sentimento de missão cumprida:
amei e sofri.
Agora não mais importa!
Nada confunde a alegria
da minha alma que de tristeza
se liberta.
Veneza Bello