ALGUMAS NOÇÕES BÁSICAS DE POESIA
Poesia – do grego poíesis, poetar, compor versos; também denominada ‘gênero lírico’
ou lírica (do grego “Lyra” – instrumento de sete cordas).
“Enquanto instrumento de precisão visual e acústico, o poema nasce da e serve à percepção precisa da linguagem.” Thomas Kling (poeta alemão, 1957-2005)
Pequena ‘dica’ para a leitura de um poema – procure identificar:
quem fala, para quem, o que, onde, quando, como e porque desta maneira
Na poesia há uma ligação estreita entre forma e conteúdo: a forma ‘fala’ ou ‘significa’. ■ Na poesia são empregados, entre outros, os seguintes recursos estilísticos:
verso
estrofe -rima
ritmo
métrica
figuras de linguagem
VERSO - cada linha do poema.
Verso agudo (ou masculino) - termina com palavra oxítona.
Verso grave (ou feminino) - termina com paroxítona.
Verso esdrúxulo - termina com proparoxítona.
Enjambement, cavalgamento ou encadeamento - quando a unidade sintática vai além do final do verso. A palavra ou parte da sentença que vai para a linha seguinte recebe desta forma um destaque especial em termos de sentido. O recurso também pode servir para deixar a estrofe mais ritmada.
ESTROFE - unidade maior em um poema, formada por dois ou mais versos.

Quanto ao número de versos, as estrofes se chamam - dístico, terceto, quarteto/quadra, quinteto, sexteto/sextilha, sétima, oitava, nona, décima/década, estrofe irregular (com mais de dez versos).
RIMA - identidade de som entre duas ou mais palavras (de versos diferentes) a partir de suas últimas sílabas tônicas.
Quanto ao seu valor:
Rima rica - as palavras que rimam são de diferentes classes gramaticais: atento/ pensamento; tive/ vive.
Rima pobre - as palavras que rimam pertencem à mesma classe gramatical: fazer/ dever; canto/ pranto. Porém, se num terceiro verso se acrescentar uma rima de outra classe gramatical, o conjunto das rimas se torna rico: canto/pranto/ tanto.
Rima preciosa — extirpe/ estirpe; há-de/ saudade; estrela/ vê-la.
Quanto à sua posição no verso:
Rima final - identidade de som da última ou das duas últimas sílabas das palavras finais de dois versos.
Rima interna ou inicial - onde não são as palavras finais dos versos que rimam:
Olhos, olhos de boi pendidos vertem Prantos por quem se foi. Ouvidos ouvem, Calam. Crepes enlutam as janelas. Fundas ouças escutam seus gemidos. (Jorge de Lima)
Forma especial de rima -
Aliteração - consoantes de som idêntico que se repetem:
Rara, rubra, risonha, regia rosa. (Felix Pacheco) (…) esquinas e esplanadas de cerveja, (…) escarrando na noite (…) (Inês Lourenço) -
Assonância - vogais que se repetem: É um pássaro, é uma rosa, É o mar que me acorda? (Eugênio de Andrade |
Quanto à sua posição na estrofe: Rima emparelhada- aabb

Rima abraçada – abba ou abca
Rima cruzada – abab
Rima interpolada – abbba ou abcda
Quanto à coincidência de sons:
Rima consoante (ou soante) - quando rima a última vogai tônica, mais todos os sons
que se seguem: azedume/vagalume/resume.
Rima toante - quando rimam somente as últimas vogais tônicas: terra/ pedra; vela/
terra.
Rima imperfeita - ferros/erros; belos/vê-los; imperfeição/som.
Verso solto - verso que não rima, entre outros que rimam.
Rima branca ou verso branco - sem rima alguma.
RITMO - Percebemos a sensação do ritmo em reiterações de som superiores a 30 e inferiores a 140 por minuto. Pode-se comparar o ritmo da poesia com o da música:
grave/ lento/ adágio/ andante/ alegro etc.
Ritmo positivo - o que se ouve
Ritmo negativo - pausas
Os diversos ritmos da versificação: (contagem segundo as sílabas tônicas e átonas)
Alternância binária - movimento trocaico / troqueu ~~/~~/~~/….
- movimento iâmbico / iambo ~~/~~/~~/…
Alternância ternária - movimento dactílico / dáctilo ~~~/~~~/~~~/…
- movimento anapestico / anapesto ~~~/~~~/~~~/…
- movimento anfibráquico / anfíbraco ~ ~~ / ~~ ~ / ~ ~ ~ /…
Cesura ou pausa - as duas partes do verso dividido pela pausa chamam-se
 hemistíquios.

MÉTRICA
Escansão - contagem das sílabas métricas (fortes e fracas) dos versos de um poema.
Na contagem das sílabas – não se conta a última sílaba átona do verso.
realiza-se algumas uniões vocálicas entre palavras.
Para realizar uniões vocálicas entre palavras, a primeira vogal deve ser átona. Ex: A i/da/de aus/te/ra e/ no/bre a/ que/ che/ga/mos. (Alberto de Oliveira)

faz-se elisão de terminação vocálica átona com início vocálico da palavra seguinte. Ex: ela ouviu
Ou se faz uma crase. Ex: a casa amarela
não se unem duas vogais tônicas. Ex: está úmido.Nem é aconselhável juntar tônicas com átonas.Ex: será esplêndido.
ectlipse – perda da nasalidade de uma vogai final para formar ditongo com a vogai inicial da palavra seguinte. Ex: com as colegas.
Para realizar a contagem de sílabas dentro da mesma palavra -
- ditongos crescentes geralmente formam uma sílaba métrica.Porém, às vezes podem ser transformados em hiatos, o que se chama
diérese: Nem fez castelos grandiosos
Sobre as areias movediças? (Cabral do Nascimento) Outras vezes será necessário unir, duas vogais que formavam um hiato, o que se chama sinérese. Ex: piedade. Tipos de versos conforme o número de sílabas métricas -
sílaba – Monossílabo
sílabas ~ Dissílabo (2a acentuada)
sílabas – Trissílabo (3a)
sílabas – Tetrassílabo (4a)
sílabas – Pentassílabo/ redondilha menor (2a 5a)
sílabas – Hexassílabo (2a e 6a)
sílabas – Heptassílabo / redondilha maior (3a e 5a)
sílabas – Octossílabo (4a e 8a)
sílabas – Eneassílabo 3a, 6a e 9a)
10 sílabas – Decassílabo – heróico (6a e 10a)
- sáfico (4a, 8a, 10a)
11 sílabas – Hendecassílabo (2a, 5a, 8a, 11a)
sílabas – Dodecassílabo/ Alexandrino (6a, 12a)Mais de 12 sílabas – Bárbaro
FONTE: APOSTILA  DO CURSO DE ESTUDOS POÉTICOS MINISTRADOS PELA PROFª ROSVITHA BLUME, CCE- UFSC 2008.